sábado, 26 de setembro de 2015






TOMAR

FESTA DOS TABULEIROS

Certamente que todos os Portugueses já ouviram falar da Festa dos Tabuleiros, em Tomar e, muitos deles já a ela terão assistido. O que provavelmente muitos não sabem é que esta fantástica festa (uma verdadeira Maravilha de Portugal), terá começado por ser relativamente pagã e que só foi cristianizada pela Rainha Santa Isabel (a célebre esposa do nosso Rei D. Dinis) e que, pela sua complexidade de organização, só é realizada de 4 em 4 anos. Também chamada Festa do Divino Espírito Santo, é constituída por 7 Fases Complementares (tantas quantos os dias que se diz que Deus levou a criar a Vida na Terra, só tendo descansado no sétimo dia). São elas:

1) O Cortejo das Coroas
2) O Cortejo dos Rapazes
3)O Cortejo do Mordomo (também conhecido pela Chegada dos Bois do Espírito Santo)
4) A Ornamentação das Ruas Populares
5) Os Cortejos Parciais e os Jogos Populares
6) O Cortejo dos Tabuleiros e
7) O Bodo ou Pêza

Vejamos então em que consiste cada uma destas fases.

1) CORTEJO DAS COROAS

Este Cortejo, que percorre toda a cidade, tem início no Domingo de Páscoa e prolonga-se por vários fins de semana, culminando no Cortejo dos Tabuleiros que tem lugar em Julho. Nele são mostradas ao público as Coroas e os Estandartes das 16 Juntas de Freguesia do Concelho de Tomar.



      


                         2) CORTEJO DOS RAPAZES

Este cortejo, mais não é, do que uma réplica do Cortejo dos Tabuleiros, mas feita com crianças vestidas a rigor. Sai da Mata dos Sete Montes, faz o percurso do Centro Histórico da cidade e termina com a benção dos tabuleiros, na Praça da República. Actualmente é mais correctamente conhecido pelo "Cortejo das Crianças", dado que, de outro modo,seria mais justo ser designado por "Cortejo das Raparigas", já que são elas que transportam os tabuleiros à cabeça.

                                               


3) CORTEJO DO MORDOMO

Este cortejo consiste de um desfile de bois enfeitados com flores e de charretes transportando Mordomos e Cavaleiros, acompanhados com música e foguetes. 


     

4) ORNAMENTAÇÃO DAS RUAS POPULARES

Tais ruas são vedadas ao público, encarregando-se os seus habitantes de fazer, em papel e depois montar, todas as suas ornamentações. Em data marcada pela Comissão de Organização das Festas, as ditas ruas são abertas ao público e a elas são atribuídas placas comemorativas e classificadas. Aqui ficam dois exemplos.


                

5) CORTEJOS PARCIAIS PARCIAIS E JOGOS POPULARES

Como o seu nome indica, trata-se de desfiles separados por Juntas de Freguesia do Concelho, que conduzem os seus Tabuleiros decorados a preceito, até ao Parque da Cidade, onde, organizadamente, irão aguardar o dia em que desfilarão no Cortejo dos Tabuleiros.




Seguidamente realizam-se os Jogos Populares que incluem, entre outros, o "Cortejo de Troncone" e uma Jincana de Burros"



6) O CORTEJO DOS TABULEIROS

Este cortejo, culmina a festa e inclui todas as Freguesias do Concelho. No topo das centenas de Tabuleiros em torre, ornamentados com camadas de pão, ramos de espigas de trigo, papoilas, malmequeres e outras verduras a gosto, repousa uma pomba branca, simbolo do Espírito Santo.





 Os Tabuleiros têm de ter a altura das jovens que os transportam à cabeça. Estas, vestidas de branco e com faixas coloridas, são acompanhadas pelo seu par masculino que enverga calças pretas, camisa branca, gravata da cor da faixa da companheira e barrete preto de campino.




À frente deste cortejo constituído por duas filas externas de mulheres e duas filas internas de homens com o Pendor do Espírito Santo e as cores das Freguesias do Concelho. O desfile tem início no Parque da Cidade e segue directamente para a Praça da República.


                          

Só depois de receber ali as almejadas bençãos e de se exibir frente às autoridades presentes, segue lentamente um longo périplo, seguido de perto por uma imensa multidão, ansiosa por vê-los e até por tocá-los.










Depois de percorrer todo o referido périplo, atravessa novamente a ponte sobre oRio Nabão, para recolher aos respectivos ponto de partida.





                                  5) BODO OU PÊZA


É com o Bodo ou Pêza, que constitui a refeição sagrada, instituída pela Rainha Santa Isabel e que consiste na partilha dos alimentos (pão, carne e vinho) pelos mais necessitados do Concelho, que, no dia seguinte ao Cortejo dos Tabuleiros, encerra a Festa dos Tabuleiros em Tomar.




                                           


Esta Festa Portuguesa é, na verdade, uma das numerosas MARAVILHAS DE PORTUGAL.


PARABÉNS TOMAR, pelo vosso inaudito esforço. Faço questão de deixar aqui a minha sincera ADMIRAÇÃO, muito especialmente pelasMULHERES DE TOMAR que, durante estas festas tornam mais verdadeiro do que nunca o conhecido ditado popular:

"Quem corre de gosto, não cansa"

Se alguns de vós tiverem dúvidas, basta olharem para mim, que tinha a presunção de ser forte!

                    


RECOMENDAÇÃO FINAL

SE AINDA NÃO TIVERAM A OPORTUNIDADE DE APRECIAR, DE PERTO 
ESTA MARAVILHA DE PORTUGAL, 
FAÇAM-NO JÁ NA SUA PRÓXIMA EDIÇÃO QUE OCORRERÁ 
PROVAVELMENTE DENTRO DE 4 ANOS.
. SIMPLESMENTE FANTÁSTICO!!!!!!!


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

VIANA DO CASTELO - ROMARIA DA SENHORA D'AGONIA








VIANA DO CASTELO

ROMARIA DA SENHORA D'AGONIA


                            


Esta Romaria, que é um abraço dos Vianenses a todos que os visitam no mês de Agosto, teve início em 1772 com a devoção dos homens do mar de todo o litoral Português à Senhora d'Agonia, padroeira dos pescadores da região. Realiza-se anualmente, incluindo sempre o dia 20 do mês de Agosto, que é o feriado municipal de Viana do Castelo.

                  
Em 2015 foi subordinada ao tema Viana Caravela do Mar, considerando o difícil momento que a cidade atravessa ao estar confrontada com a ameaça do encerramento dos seus estaleiros navais, que têm assegurado emprego directo a várias centenas de famílias da região.

Os principais atractivos do seu Programa de 2015 tiveram início com a ornamentação luminosa das principais artérias da cidade
                  
e, em 20 de Agosto, com a belíssima ornamentação das ruas da Ribeira  com  tapetes de flores                  
                  
e, à tarde desse mesmo dia, com a tradicional Procissão do Mar. Esta, que já se realiza desde 1968, testemunha a profunda devoção religiosa das gentes da Ribeira Vianense, e tem sempre lugar no dia 20 de Agosto de cada ano. Consiste num desfile de dezenas de embarcações festivamente ornamentadas que levam ao rio e ao mar as imagens da Senhora d'Agonia, da Senhora do Mar, da Senhora de Monserrate e ainda de S. Pedro, perante o enlevo de milhares de assistentes que cobrem, invariavelmente, as margens do Rio Lima.          

Um dos outros expoentes desta Romaria, é o Desfile da Mordomia, que incluindo cerca de 400 mulheres, percorreu na Sexta-Feira, dia  22 de Agosto as principais artérias de Viana do Castelo, mostrando mais uma vez aos Vianenses e aos seus numerosos visitantes, a notável beleza dos seus trajes típicos regionais, dos mais garridos aos mais sóbrios da festa: os das Mordomas e das Noivas. 


Este ano, à guisa de novidade foi incluida a participação no desfile, da Presidente da Comissão de Honra das Festas, a artista plástica Joana Vasconcelos envergando um traje de artesã local, confeccionado especialmente para o efeito.
          

Neste desfile, o ouro compete com a beleza das mulheres vianenses trajadas a rigor. De entre os trajes exibidos, saliento os vestidos de noiva,
                  
das morgadas,
                
das senhoras com trajes de festa e palmito e vela na mão
                           
 e ainda das lavradeiras.
                                        

O expoente máximo deste desfile é o ouro, que nele se exibe, quer em qualidade e beleza, quer numa quantidade a todos os títulos impressionante.
                         

O que me pareceu em Viana mais curioso, foi o facto de ali ficar a saber que os trajes de vianesa (que tiveram a sua origem no século XIX e são feitos de linho, com várias cores características, das quais sobressai o preto, e o vermelho), permitem identificar a região do concelho de que são oriundos.

 

Tendo tido o privilégio de assistir no Sábado dia 22 a outro dos expoentes máximos desta Romaria, o seu Cortejo Histórico e Etnográfico, vi sob os meus olhos desfilarem nele mais de 3 000 figurantes. Para esse fim cheguei a Viana do Castelo na brumosa manhã desse dia, encontrando a cidade condignamente engalanada para receber os seus visitantes.
          


Lá os esperava na sua Avenida do Mar, com uma Feira Tradicional...


...e os seus engalanados carros alegóricos já preparados para o cortejo.

Ali, durante o almoço, com o tempo sempre a ameaçar chuva, tive o privilégio de encontrar e conviver um pouco com uma muito simpática senhora vianense trajada a rigor, que me explicou o porquê daquele traje e que inquirida, me disse que a sua belíssima custódia, já no início da década de noventa do século passado, lhe havia custado cerca de 200 contos (o equivalente agora a cerca de 1 000 euros, mas numa significativa escala de tempo a considerar).



Já após o almoço, acompanhado com o mavioso som de uma forte bátega de chuva, encaminhei-me para uma das principais artérias de Viana, onde passaria o Cortejo Histórico e Etnográfico (se o S. Pedro o viesse a permitir), passando então por uma das lindas igrejas da cidade.



Dirigi-me depois para a sua praça central onde não só já passeavam tranquilamente gigantones...


...como num dos belos edifícios daquela praça, 



me aguardava mais uma valiosa informação sobre esta tão afamada Romaria: todos os anos, com significativa anterioridade é feito um Concurso de Cartazes alusivos à festividade e, 


aquele que o vencer terá o privilégio de abrir o Cortejo Histórico e Etnográfico num carro alegórico abrilhantado com a presença da Jovem que ilustra o referido cartaz.

Também na Praça Central, àquela hora já se fazia ouvir no coreto situado nas imediações do Museu do Traje, sob o olhar embevecido das vianenses trajadas a rigor,



a Banda Filarmónica da cidade.



Passando depois na frente de uma das belíssimas casas senhoriais de Viana do Castelo, a Casa da Carreira,
fui-me dirigindo para outra daquelas belíssimas casas senhoriais, na qual, de uma das suas numerosas varandas, tive o prazer de ver o tão esperado Cortejo Histórico e Etnográfico, graças à gentileza de uma grande Amiga que se relaciona com os donos daquela magnífica mansão.
                           

Tal como me haviam perspectivado, logo após os gigantones, o cortejo teve início com o carro alegórico exibindo o cartaz das festas vencedor do ano, tendo como figura principal a linda jovem que o ilustrou.                 
Atrás, sob um Sol radioso que, finalmente o S. Pedro decidiu ali disponibilizar (era o mínimo que podia fazer, pois até já tinha sido levado pelos Vianenses ao rio e ao mar durante a Procissão do Mar), desfilavam bonitas vianenses vestidas a rigor com idênticos trajes ao da jovem.


Seguiram-se vários carros alegóricos à história da cidade, intercalados com vianenses que, a pé, iam indicando as fases históricas correspondentes aos diferentes carros. Estes exibiam estruturas base consubstanciando castelos...


e caravelas conforme os feitos que haviam ocorrido em Terra ou no Mar.


Como expoente máximo deste cortejo refiro os numerosos carros alegóricos representantes das actividades económicas mais representativas na região, intervalados por numerosos vianenses que, a pé, completavam a ilustração e trajes inerentes às referidas actividades. Entre eles saliento o dos Sargaceiros...
                
...o dos pescadores,
                
...o dos agricultores,
                
...o dos viticultores e vinicultores,
                  .
...o das actividades cerealíferas e afins,
                               

...os dos Serradores e Carpinteiros,



...o dos Tecelões e  a exposição dos respectivos Tecidos,










                                  

...o das Bordadoras e respectivos Bordados, 





...e, finalmente o da Doçaria Regional com as suas coloridas e brilhantes decorações vianenses.
                       


O desfile dos trajes vianenses integrados no cortejo foi também a todos os títulos notável, estando nele representadas todas as classes sociais e concelhos do distrito...


...estando ali igualmente bem representada, desde a camponesa até à senhora, incluindo até as várias gerações, desde a criança aos mais idosos. 

Como qualquer outra festividade portuguesa actual que se preze, também não faltaram neste cortejo nem músicos dos mais variados instrumentos, nem os tambores que se foram exibindo em profusão e de vistoso colorido.
Ainda que este Cortejo Histórico e Etnográfico justificasse por si só uma visita à Romaria da Senhora d'Agonia de Viana do Castelo, eu fiquei suficientemente desperta para a excelência desta Romaria, desejando voltar não para ficar um dia, mas durante todos os dias da Festa. Fica desde já aqui a minha sincera admiração pelo Povo Vianense que, não obstante os infinitos trabalhos que tal manutenção acarreta, luta anualmente para não deixar morrer as suas mais caras e tão excepcionais tradições.

Força Viana do Castelo, pois melhores dias virão contribuir para que os Vianenses possam alargar e intensificar os seus tão belos sorrisos.


Cá fica também um rogo muito especial ao S. Pedro para assegurar sempre a Viana do Castelo um excelente tempo de Agosto, de modo a que os Vianenses  não tenham também de se preocupar com questões de clima. Não se esqueça meu santinho que também eles se não esquecem invariavelmente de o levar ao rio e ao mar durante a sua tão tradicional Procissão do Mar.

Termino, deixando a todos os "Portugueses de gema" a sugestão de que, no mínimo uma vez na vida, não deixem de ir apreciar  "in loco"  a nossa belíssima Romaria D'Agonia em Viana do Castelo.