Palácio e Jardins de MONSERRATE
Visitei recentemente os Jardins de Monserrate, em Sintra, tendo já visitado o seu Palácio pela enésima vez com os mais variados visitantes estrangeiros. Considero ser agora o momento para falar deste Paraíso à nossa Porta, primeiro com um pouco da sua história e, só depois, com a minha visão deste recanto paradisíaco de Sintra.
Detentor de uma história que remonta a data longínqua, consta que este Parque teve origem na Quinta da Bela Vista recreada a partir de uma Capela ali erigida na Reconquista Cristã, em honra de Nossa Senhora de Monserrate. Terá passado depois de mão em mão até que o terramoto de 1755 lhe causou sérios danos, os quais se foram agravando até quase ao final do século XVIII.
Tendo os seus proprietários de então, de partir para Goa, arrendaram a propriedade ao inglês Gerard Devisme que, graças ao facto do Marquês de Pombal lhe ter concedido o monopólio do comércio do célebre Pau-Brasil, ficou tão rico que mandou construir em Monserrate um Palacete Neo-gótico para sua residência.
Tendo depois que regressar ao seu país, Devisme sub-alugou-o em 1794 ao seu conterrâneo William Beckford, que não só melhorou a propriedade, como iniciou a construção do seu jardim romântico, integrando nele as ruínas da primitiva Capela.
Integrou nele também um Cromeleque (monumento pétreo pré-histórico, associado ao culto dos Astros e da Natureza) e uma Cascata natural ali existente.
Com o regresso de Beckford a Inglaterra, primeiro provisoriamente (1796) e depois definitivamente (1999), Monserrate continuou a mudar de rendeiro entrando num estado de declínio que, mesmo assim, inspirou o poeta Lord Byron quando o visitou, a defini-la como
…o primeiro e mais lindo lugar deste reino…
e a escrever o seu célebre poema Childe Harold’s Pilgrimage (cantos XII e XIII).
Finalmente em 1856 a propriedade foi vendida ao inglês Francis Cook, que reconstruiu o Palacete já então no estilo neo-mourisco que tem hoje,
...ao mesmo tempo que criou um notável jardim paisagístico inspirado pelo Romantismo Inglês.
Tendo-se ele casado com a filha de Robert Lucas, este contratou o arquitecto inglês James T. Knowles que, por sua vez transformou todo o conjunto no exemplo ímpar do Revivalismo e Ecletismo de Oitocentos, que nos inebria actualmente os sentidos.
Entretanto, o seu actual Jardim Exótico, ficou a dever-se, primeiro ao inglês Burt e depois ao seu conterrâneo Water Oates que, em 1929 o terá descrito assim:
"O Parque de Monserrate, aconchegado a meia altura da Serra de Sintra, no pendor que se desdobra para os lados do mar, não tem a vastidão majestosa do Parque da Pena, com o qual pretenderia rivalizar. Mas o chão fértil, as águas finas e a vizinhança das neblinas marítimas, favorecem de tal maneira a vegetação escolhida pelo plantador, que a impressão dominante é a de um jardim encantado onde se ocultam coisas raras".
Em 1946, Cook antes de regressar ao seu país, tentou vender a propriedade ao Estado Português que, como habitualmente, não decidindo a compra em tempo útil permitiu a sua venda a Saul Saragga que, também como habitualmente, a tentou vender em lotes. Não o tendo conseguido fazer, vendeu em leilão todo o belo conteúdo do Palácio. Por tal razão, quando o Estado Português acabou por adquirir a propriedade, em 1949, já o fez com todos os seus bens delapidados.
Foi já na segunda metade do século XIX que foi construído o impressionante relvado de Monserrate, o primeiro do país a ter um sistema de rega tal que lhe permite manter-se verde todo o ano.
Passemos agora ao nosso périplo pelo Monserrate dos nossos dias, começando a visita pela sua entrada, seguindo depois o Caminho Perfumado
...para chegar ao Palácio cujos motivos vegetalistas delicadamente rendilhados prolongam harmoniosamente o exotismo do seu jardim oriental.
Avancemos no se extraordinário corredor muito recentemente restaurado...
...até chegarmos às Salas ainda vazias mas já também em fase final de restauração.
Encaminhemo-nos depois para a área central do Palácio,
...com a sua impressionante cúpula ricamente decorada.
Continuemos agora por aquele rquintado corredor central,
...até chegarmos à base do último torreão do Palácio, cuja cúpula encanta qualquer mortal com o pormenor da sua decoração vegetalista.
É então tempo de sair pela porta dos Jardins, que já se vislumbram indubitavelmente belos, do interior das janelas do Palácio.
Se o interior do Palácio é lindo, o seu exterior não lhe fica atrás, como se observa de imediato na fachada virada aos jardins...
...e ao relvado a perder de vista.
...quer pelas excrescências fibrosas a que dá origem.
Também impressionante é o velho Metrosideros Excelsa (Pōhutukawa tree) que surpreende o visitante mesmo ao lado desta fachada do Palácio, quer pela sua raridade e dimensões,
...quer pelas excrescências fibrosas a que dá origem.
Estas últimas permitem enquadramentos assaz curiosos da soberba fachada do Palácio.
Contornando de seguida o Palácio pela direita, através da sua tão delicada colunata árabe,
...podem apreciar-se belas vistas do relvado e,
...rapidamente voltamos à fachada fronteiriça do Palácio ricamente decorada com os mais variados motivos árabes, que incluem também mosaicos típicos daquela cultura.
Retomando o Caminho Perfumado, que prolonga o acesso da Entrada no Parque até à Entrada do Palácio...
...em direcção aos Jardins que também podem ter início logo na Entrada do Parque, à esquerda. Ali, podem então seguir-se facilmente os indicadores de sentido, que estão bem visíveis e são muito fáceis de seguir,
Eles levam o Visitante, sucessivamente à Cascata,
...ao Vale dos Fetos
e aos Lagos Ornamentais.
Bem neste caminho descendente, encontramos as ruínas da antiga Capela, ali reconstituídas artisticamente.
Já na base do caminho espera o Visitante, rico em cactos e piteiras, o Jardim do México.
É então chegado o momento de inverter a marcha, subindo para o Roseiral...
...que num ápice nos conduz ao extenso Relvado de Monserrate bem na base do Palácio.
Se entretanto o Leitor, chegar à conclusão que todo este périplo já é demasiado cansativo para si, o Visitante tem desde início, e logo à Entrada do Parque de Monserrate, uns lindos carrinhos que, confortavelmente, os podem levar a percorrer este belo Parque, quase que sem despender qualquer esforço físico.
Assim, não poderá dizer que não pode visitar este Paraíso à nossa porta. Basta apenas escolher a modalidade que lhe for mais conveniente. Por favor não perca, pois VALE MESMO A PENA.
Por mim, passei o dia do meu Aniversário encantada a percorrê-lo com a maior tranquilidade possível. Obrigada marido pela excelente companhia e pela paciência.
Aqui fica a sugestão e até sempre.
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